terça-feira, 28 de junho de 2011

Hoje tem NOITE DO VINIL no SUCATA BAR

A montagem é feia mas o publico é bonito, então vai la conferir povo

Para mais informações

Skype: coletivope-de-cabra
MSN: xykupetronio@gmail.com
@cpedecabra
Orkut
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contatopedecabra@gmail.com 
(31) 88094211 Francisco Petrônio

sábado, 25 de junho de 2011

PREVIAS DEMO SUL 2011

Em 2011 o Demo Sul completa 11 anos de existência, e a organização está preparando uma série de novas atividades que vão integrar a programação do festival. Entre elas estão as Prévias Demo Sul, que neste ano inova, além de Londrina, as prévias  acontecerão também  em São Paulo (SP) e Santa Maria (RS).
 
As Prévias vão funcionar assim: a curadoria do festival vai selecionar, por meio da inscrição realizadas no portal TNB (Toque no Brasil), 15 bandas para participarem dos shows das Prévias Demo Sul, que vão acontecer nos dias;
19 de agosto em Londrina/PR
Numero de vagas: 05.
Para bandas residentes no Paraná.
20 de agosto em Santa Maria/RS
Numero de vagas: 03.
Para bandas residentes em Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
21 de agosto em São Paulo/SP
Numero de vagas: 07.
Para bandas residentes em outros estados.
Nestes dias, cada banda selecionada terá 30 minutos para se apresentar. Depois dos shows, o público presente vai poder votar via portal TNB  e escolher quais delas farão parte da programação oficial do Demo Sul 2011. As 3 (três) mais votadas irão tocar no festival, que neste ano será realizado entre os dias 14 a 22 de outubro.
A idéia é que bandas novas, que não têm experiência em festivais, tenham uma chance de tocar no Demo Sul, democratizando o line-up do festival e revelando novos nomes da cena independente nacional.
Bandas de todo o Brasil e da América do Sul interessadas em participar das Prévias têm até o dia 17 de julho para se inscrever.Grupos de qualquer gênero musical podem realizar a inscrição, e a única restrição é que desenvolvam um trabalho autoral.
Veja o regulamento completo em - http://tnb.art.br/oportunidades/previas-demo-sul/

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http://twitter.com/festivaldemosul
http://www.demosul.blogspot.com
http://www.myspace.com/festivaldemosul

quinta-feira, 23 de junho de 2011

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Texto do Claudio Prado sobre o Fora do Eixo

Mas vamos lá>> aproveito para dar minha opinião sobre o artigo e sobre os comentários rancorosos.
E defino Rancor na perspectiva desta discussão.
Rancor é uma marca das esquerdas. Nasce da consciência das tiranias. Nasce da indignação. Marx sendo o Arauto Maior das tiranias do século 20, da Era Industrial, do Capitalismo Selvagem, da ganância.
Rancor é esta indignação + fundamentalismo.
Fundamentalismo é a grande doença deste século, que transformou sistematicamente as grandes idéias em dogmas.
Talvez seja o fundamentalismo seja a herança mais perversa da cultura escrita.
Da soma do alfabeto grego com a tipografia de Gutemberg.
Do alfabeto, que são símbolos gráficos que juntos formam fonemas que juntos formam palavras que juntas se propõem representar todas as coisas materiais e idéias passadas e futuras da humanidade.
E da tipografia de Guttemberg que congela (imprime) essas palavras, frases e idéias.
Some-se a isso a sinistra idéia do direito de autor e da forma como o século 20 lidou com tudo isso, congelando palavras e idéias, e temos a fórmula do rancor.
{{{ e pelamordedeus não argumentem que eu sou contra o alfabeto, contra os livros, contra o coitado do autor>>>>}}} cada um destes territórios é eivado para o bem e para o mal como tudo na vida.
Back to the USSR (You don’t know how lucky you are)
Não sou do Fora do eixo. Colaboro com eles.
Considero a proposta do Fora do Eixo o melhor caminho que conheço para uma saida honrosa dos Movimentos Sociais rumo ao século 21. (e que denominei de Pós Rancor).
O Fora do Eixo não é de esquerda e nem de direita.
A grande maioria das pessoas da esquerda e da direita realmente acham que esta polarização define a humanidade, são adeptos conscientes ou inconscientes da Teoria do Fim do Mundo, na qual o Mercado as engole fatal e definitivamente. E contra o qual (Mercado) vocês têm que lutar estoicamente através dos tempos eternamente…
Isso não é novidade: o Tropicalismo foi esculhambado pelas esquerdas todas como massa de manobra do imperialismo americano (instrumentos eletrificados que iriam matar a Música Brasileira etc). Foi também esculhambado pela ditadura militar que os acusava de corruptores da cultura e juventude brasileira e que prendem Gil e Caetano condenando-os ao exílio. A Democracia Grega, conservadora, condena Sócrates pelas mesmíssimas razões.
Em última instância, acho que o problema de vocês, das esquerdas, é este: O Fora do Eixo não é de esquerda. Para vocês, consequentemente seria de direita. E, assim sendo, a discussão está encerrada… não vale a pena… (por isso a minha preguiça, eu que vejo e ouço isso rolar há 40 anos).
Mas olhem só>>> existem os otimistas>> que vêm luz no fim do túnel.
Existe uma “nova esquerda” (digamos assim para efeitos de melhor compreensão desta discussão).
Um movimento político Pós Rancor, que nasce da indignação também nos anos 60.
O movimento Hippie. Antropofagicamente abrasileirado aqui sob a denominação Tropicalismo.
O movimento político Hippie (((é político siim))) é quem pauta no mundo, as questões de hoje.
A Ecologia (nem citada pela direita nem esquerda até 1972 a 1a Conferência Mundial do Meio Ambiente em Estocolmo.)
As liberdades sexuais e das drogas >> ambas esculhambadas pela direita e pela esquerda como a decadência da humanidade.
A agricultura orgânica>> como fator de saúde pública. (contra os trangênicos)
A questão feminina>> (pq o movimento feminista das esquerdas era o como direito da mulher ser igual ao homem nas besteiras do machismo, numa visão extremamente míope do conceito de igualdade)
Sociedade Alternativa…
Tudo isso sem rancor>> com flores e sempre com Tesão Político (foco sim).
Poderia me estender mais…
mas uma última questão:
É o movimento hippie que detecta a Cultura Digital como a mais subversiva realidade rumo a um século 21 (chamávamos de Nova Era na época)
Timothy Leary, um dos profetas do que está acontecendo agora, disse que a cultura do computador era o LSD dos anos 90. LSD era para Leary, um “atalho” para a compreensão profunda “fora do eixo” O eixo sendo tanto a ligação do idivíduo consigo mesmo quanto a compreensão dos caminhos políticos da sociedade.(não quero me alongar aqui nisso pq é tema de um livro… e não de um mail).
É por isso que digo sempre que, NA MINHA OPINIÃO, Marx, hoje não seria marxista, seria um hippie digital.
Não há nada, mas naaada mesmo, mais politicamente subversivo à lógica do capitalismo selvagem do que a Cultura do Digital.
Vejo no Fora do Eixo, uma semente para como de fato mudar o rumo equivocado das esquerdas, reinventando a forma de agir dos movimentos sociais do século 20.
Um amadurecimento ou melhor um renascimento fênix deste movimento tropicalista.
O bonito, a meu ver, é que existem muito mais acertos do que erros neste movimento…
E considero que a indignação equivocada das esquerdas, que se revestem de puro rancor diante do sucesso evidente do que está acontecendo no mundo das marchas, mais um sinal de resistência conservadora do século 20.
O mais grave é ver meninos gritando palavras de ordem>>> fala sério>>> do século 19.
PORQUE NINGUÉM AINDA RESPONDEU SOBRE O DEBATE AO VIVO E PELA INTERNET??
beijos perpexos>>> rssrss mas paternalistas e carinhosos
E ISSO É SIM UMA PROVOCAÇÃO À AMPLIAÇÃO DO DEBATE!

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terça-feira, 21 de junho de 2011

A ação teve agora vamos fazer/ser a reação

Tenho umas empolgações com o blog e passa... ontem a noite tava doido para escrever falando de como eu e todo coletivo estamos felizes com a Ação de Interiorização do Programa Musica Minas.
Agora vou fazer quase um diário do que rolo.
Desde de momento que tivemos a noticia que receberíamos o Programa Musica Minas comecei a ficar meio preocupado de como seria já que no Balido tentamos fazer um debate, mas ouve muita gente desinteressada, imagina então um evento voltado exclusivamente para o debate?!
Então desde abril estava na saga do local que pensamos e conversamos com vários e acabamos caindo em uma das primeiras opção o Clube Ipaminas que nos atendeu e recebeu muito bem, muito obrigado ao clube.

Chego o dia e nos estávamos lá de manha, atarde organizando e a noite tudo encima. Infelizmente um atraso de mais ou menos 40min a 1 hora, mas que não prejudicou o andamento, ate porque estava bem vazio; até então.
Mas deu tempo da galera chega e acho que deu umas QUARENTA PESSOAS \o/.
Um pequeno problema no dvd, mas tudo certo...
E falo Lucas Mortimer sobre os editais.
E falo o Tulio que tocou com todo mundo do mundo, e falou sobre a importância de nos associarmos.
E falo Talles Lopes sobre o atual mercado de musica mineiro.
Ainda teve nosso grande parceiro mandando um som, Dj Cabelo.

Agora falando no geral, foi muito gratificante ver a sala cheia e pessoas que não são nosso publico por falta nossa de acesso a eles ou deles a nos.
O que achei e que a galera também achou que falto mais intervenções ou a galera chega num papo pós Forum, mas isso creio que com o tempo a galera vai perdendo a timidez.
E para finalizar é a ideia do titulo sofremos uma ação vamos reagir de forma positiva, vamos reunir e nos organizar. Dia 30 de julho temos uma Noite Fora do Eixo com uma banda que vai vir circulando no modelo que o Talles citou e debater o Balido que é setembro.

Xyku

domingo, 19 de junho de 2011

Ação de Interiorização do Programa Música Minas chega a Ipatinga



No próximo dia 20 de junho, a Ação de Interiorização do Programa Música Minas 2011 chega a Ipatinga, apresentando suas ações e oportunidades, visando ampliar a participação e beneficiar cada vez mais a música produzida no interior do estado. O painel contará com a participação das entidades que compõe o Fórum da Música de Minas Gerais e será realizado no Ipaminas Esporte Clube (Rua Gonçalves Dias, 575, Cid Nobre) com início previsto às 19h.

A ação de interiorização do Programa Música Minas é uma ação do Forum da Música de Minas Gerais em parceria com a Secretaria de Estado de Cultura e conta a nível local com o apoio do Coletivo Pé de Cabra e Fora do Eixo Minas.

Sobre o Música Minas

Programa criado a partir de uma parceria entre o Fórum da Música e a Secretaria do Estado de Cultura de Minas Gerais, chega à sua terceira edição. O Música Minas foi lançado em 2009, com o objetivo de dar visibilidade aos artistas mineiros e ampliar suas possibilidades de circulação, bem como viabilizar a participação em eventos culturais realizados em cidades e países diversos.

O programa contará esse ano com um portal no qual os artistas poderão criar perfis e realizar inscrições nos editais e divulgar seus trabalhos. Outra das novidades do programa é a Ação de Interiorização, que irá levar painéis e realizar palestras em mais de 25 cidades do interior do estado. A ação tem o objetivo de levar informações sobre Programa Música Minas e o Fórum da Música, possibilitando a integração e um melhor aproveitamento do projeto por parte de agentes culturais e artistas residentes nesses municípios. A caravana da interiorização contará também com um pesquisador, cujo trabalho será realizar um mapeamento da cadeia produtiva de cada uma das cidades.
Complementando a Ação de Interiorização, um Edital de Circulação Estadual irá selecionar 15 artistas/grupos para a realização de dois shows cada, em festivais de música conectados à plataforma do Circuito Mineiro de Festivais Independentes.
Programa foi bem sucedido em suas primeiras edições

Em seus dois primeiros anos (2009/2010) o programa aprovou diversas propostas, como a realização de shows em cidades brasileiras e em outros países como Alemanha, Portugal, Espanha, Japão, Nova Zelândia e México.

O projeto promoveu também a produção e distribuição de catálogos musicais em feiras nacionais e internacionais. Os resultados positivos e o ineditismo da proposta fizeram do Música Minas uma das principais ações em prol da música produzida no Estado, tornando-se um projeto modelo para outras regiões do país.

Ações do Música Minas 2011
  • Edital de Intercâmbio: fornece passagens aéreas e prêmios para artistas/grupos, produtores e demais membros da cadeia produtiva da música a realizarem shows, residência artística ou cursos de capacitação em festivais, congressos e eventos de relevância no Brasil e no exterior.
  • Programa de Circulação: oferecerá oportunidade de cirulação estadual, nacional e internacional para artistas/grupos, por meio de parcerias estabelecidas com produtores/festivais nacionais e internacionais.
  • Participação em feiras: envio de comitiva para feiras de música de grande relevância nacional e internacional como WOMEX, CMJ, BAFIM, dentre outras, para representar a música de Minas, levando um catálogo com uma amostra de mais de 140 artistas e produtores mineiros.
  • Comunicação: desenvolvimento de um portal para abrigar todas as ações do Programa, com espaço para artistas, grupos e produtores se cadastrarem; assessoria de imprensa especializada para cada ação do Programa.

Fórum da Música de Minas Gerais

O Fórum da Música de Minas Gerais é um dos melhores exemplos de mobilização da classe musical brasileira, bem como de debate democrático entre representes de segmentos diferentes. Atualmente o Fórum é composto pelas seguintes entidades: Associação dos Amigos do Museu Clube da Esquina (AAMUCE), Sociedade Independente da Música (SIM), Associação Artística dos Músicos de Minas (AMMIG), Cooperativa de Músicos de Minas (COMUM), Rede Catitu Cultural, Grupo Cultural NUC e Fora do Eixo Minas (FEM).

Serviço

O que: Ação de Interiorização do Programa Música Minas 2011 - Ipatinga
Quando: 20/06 (segunda-feira) às 19h
Onde: Ipaminas Esporte Clube (Rua Gonçalves Dias, 575, Cid Nobre)
Informações: http://www.musicaminas.blogspot.com/

Contato:

Lucas Mortimer
Gestor da Ação de Interiorização
(31) 8801-2727

sábado, 18 de junho de 2011

Falando do Junina

Acho que foi o evento que mais curtimos aqui no Vale do Aço, agradeço ao Vitim por ter me dado ideia que não era pra vender cd e sim para curtir.
Agora sobre o novo Garajão ta muito bonito, atendimento muito bom, boas bandas e... as bandas só vi a primeira a segunda eu passava e voltava (não que eu achei ruim, foi só questão de vibe).
Falando do momento show, o do Chucrobillyman tava muito bom. Particularmente tava igual tiete doido pra subir no palco e agitar, ate que ele convido. Uma reclamação para  que no momento desse show tava cheio de mais e fico ate difícil de dançar heheh.
Tinha uma galera comentando que acabo cedo inclusive nós mesmo, mas temos que entender a casa e sua regras. E acho também que não era ão cedo já que sai de la depois das 04:00 (ou era?!rs) e ainda tinha gente lá, ou seja quem foi embora foi porque quis, já que não vi ninguém sendo mandado embora.
Apesar que ficamos na expectativa do show do Gustão & Os BreckandDeckers que seria "surpresa" e teria arrastado o evento ate umas 6:00 com banda tocando.
E como diz aquela musica "Quem Dera a Vida Fosse Sempre Assim" e toda semana ser aquela coisa bonita que rolo ontem.

Xyku

sexta-feira, 17 de junho de 2011

É hoje

Isso aqui ta virando a coluna do Francisco Neto, mas versão rock'n roll e/ou cultura alternativa.
Então cono colunista vamo da palpite hhehe
Esse cara de Curitiba é e não deixar ninguém parado, e o gringo vamo conferir que crimos (creio) que seja a segunda ou erceira vez que vem gringo em movimentos lado B.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Compacto.Rec lança JULGAMENTO



Neste mês de junho o Compacto.Rec traz o HIP HOP do grupo Julgamento, que é de Belo Horizonte e tem conquistado  lugar de destaque no rap mineiro.

O Grupo & O Disco


Julgamento é formado por: Roger Deff, Ricardo HD, Voz Khumallo (vocais), Tobias e Giffoni (DJS), Helder Araújo (guitarra), Gusmão (bateria) e Luiz Prestes (baixo). Sua marca é atitude urbana e subversiva do hip-hop somada a letras engajadas e referencias musicais diversas, resultam em um verdadeiro petardo sonoro. “Ritmo e poesia em sua mais pura expressão”, como o próprio grupo se define.
O CD de estreia “No Foco do CAOS” (2008) foi apontado como um dos principais lançamentos do gênero em Belo Horizonte. O álbum foi produzido por Sérgio Giffoni e conta com as participações de expoentes importantes do cenário como Nathy Faria, Dokttor Bhu  e Kiko Ianni.
2011 marca a chegada do novo trabalho do Julgamento, o EP “Muito Além”, também produzido por Giffoni. O novo trabalho apresenta uma sonoridade ainda mais orgânica, rompendo fronteiras e expandindo o universo musical do grupo, como fica claro na última frase da música de abertura “muito além do que se possa imaginar”, e que agora é lançado pelo Compacto.Rec e pela Fora do Eixo Discos!
A valorização humana e as questões sociais ainda são temáticas recorrentes nas letras do grupo, bem como sua relação intrínseca com o hip-hop e tudo o que essa cultura representa. Ao longo da sua trajetória, o Julgamento participou de eventos importantes como o Conexão Vivo, Eletrônika, Transborda, Festival Garimpo, entre outros, além de ter dividido o palco com alguns dos principais nomes do cenário nacional como Marku Ribas, Macaco Bong e B Negão.


O Compacto.Rec


O Compacto.Rec é um projeto de lançamento mensal de álbuns virtuais em rede, com o objetivo de estimular a circulação e distribuição de bandas da cena independente latino americana. O trabalho é uma realização do circuito Fora do Eixo, uma rede de trabalhos colaborativos e os agentes que integram a equipe são oriundos dos mais distintos lugares do país que, através da internet, trabalham em conjunto executando toda a pré-produção do Compacto.Rec: uma compilação com músicas, letras, release, fotos, vídeo, banners e avatares,  divulgados em todos os veículos de comunicação integrados a rede.
Desde 2007 o Compacto vem trazendo lançamentos diversificados em muitos aspectos e principalmente em estilo musical, agrupando um rico acervo cultural que atrai visitantes de todo o Brasil. Só em 2009 foram mais de vinte mil downloads no ano. Já passaram pelo site bandas renomadas como Porcas Borboletas, Nevilton, Diego e o Sindicato, o rapper Linha Dura e outros. Em outubro de  2010, o Compacto.Rec expandiu mais uma vez suas fronteiras com o primeiro lançamento internacional, o álbum “YYY” da banda Falsos Conejos de Buenos Aires (ARG), além de ter sido recentemente contemplado pela Bolsa Funarte de Reflexão Crítica e Produção Cultural para Internet. Já em 2011, o projeto começou o ano com Os Barcos, lançando em seguida as bandas Cidadão Comum, Maglore, Os Rélpis e Sertanilia. E em julho será lançada a Edição especial Compacto.Rec Funarte.
acesse e veja mais: http://compactorec.foradoeixo.org.br/

terça-feira, 14 de junho de 2011

Ta ai a entrevista do El Efecto no Balido ano passado

Depois de tempos ta ai a entrevista, pela metade, mas tá.
Valeu ao Thiago que esforço, mas teve gente que não colaboro para ela ta completa ai.
E hoje estaremos na Radio Vanguarda falando do Programa Musica Minas que vai ter uma etapa aqui segunda (dia 20) la no Ipaminas de graça e enceramento com Noite do Vinil.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Galeano: O mundo está dividido entre os indignos e os indignados

Confira a íntegra da entrevista concedida por Eduardo Galeano ao programa Singulars, de TV3, no dia 23 de maio. Ali, ele conta as suas impressões ao se deparar com a Espanha dos "Indignados" e fala sobre a crise do sistema econômico e político institucional.

Por Redação [05.06.2011 10h30]
Confira abaixo a íntegra da entrevista concedida por Eduardo Galeano ao programa Singulars, de TV3, no dia 23 de maio. Ali, ele conta as suas impressões ao se deparar com a Espanha dos "Indignados", fala sobre a crise do sistema econômico e político institucional e também comenta a respeito de futebol. Sobre as manifestações, ele acredita que "são os invisíveis se fazendo visíveis, e os que pareciam mudos fazendo-se escutar. E estão dizendo aquilo que têm que dizer. E neste mundo em que todos falam sem dizer, eles dizem dizendo."
Eduardo, você chega e encontra as praças cheias de gente gritando “outra democracia é possível!”. Que te parece?
Eduardo Galeano – Me parece uma experiência estupenda. A verdade é que foi muito emocionante, para mim, estar entre essas pessoas quando cheguei a Madrid e recuperar esta energia, este entusiasmo. Esta vitamina “E” de entusiasmo, que às vezes parecia perdida neste mundo que nos convida ao desânimo. Então acho que é uma experiência estupenda, e segue sendo, e a palavra entusiasmo é uma palavra linda, de origem grega, que significa “ter os deuses aqui dentro”. E isto foi o que senti quando perambulava entre as pessoas na Puerta del Sol.
“Nos tiraram a justiça, e nos deixaram a lei.” Esta é uma das frases que você pode ler na Puerta del Sol. Que lei nos deixaram, senhor Galeano?
Galeano – A lei do mais forte. É esta lei que rege hoje o mundo, dentro de cada país e entre os países também, e é uma lei insuportável. Parece hoje que os jovens vêm crescendo em matéria de desobediência contra esta lei que os condena à resignação, à aceitação do mundo tal qual é. E hoje há na América Latina toda, ou quase toda, um problema visível e preocupante que é o divórcio, a separação – eu diria que é um divórcio – entre os jovens, as novas gerações, e o sistema político e o de partidos vigente. Eu não reduziria a política às atividades dos partidos, porque a política vai muito além. Mas, sim, me preocupa que, por exemplo, nas últimas eleições chilenas dois milhões de jovens não tenham votado. E não votaram porque não se deram ao trabalho de se registrar e porque, no fundo, não creem nisto. Suponho que, principalmente, por não acreditarem nisto. E me parece que isto não é culpa dos jovens, é muito fácil culpá-los, mas a questão vem de cima, está concentrada no topo, e a estes não importa nada de nada. E também nesse sentido gostei de estar nas manifestações, pelo menos na da Puerta del Sol que foi onde pude estar.
Sabe quanta gente não votou ontem na Espanha?
Galeano – Não, não imagino.
Dez milhões de pessoas não não foram votar.
Galeano – Bem, é grave, não?
Mas também é um direito não votar, certo?
Galeano – Claro, claro que sim. E é também, por vezes, um modo silencioso de protesto. E também acho legítimo que as pessoas se expressem falando ou calando, pois o silêncio às vezes diz mais que as palavras. E o que eu gostei foi ver toda esta ebulição de um protesto pacífico, sem violência, como o que vi circulando entre a gente nas diferentes horas do dia, e da noite também. Muito solidariamente, unidos em uma causa comum, e sustentado com convicção a partir da situação tão penosa que vivem hoje na Espanha e em muitos outros lugares do mundo sobretudo os jovens, e, sobretudo os jovens que não têm uma posição, digamos, acomodada. Lá no Sol diziam “Com causa, mas sem casa!”, e isso me pareceu revelador, porque uma boa parte das pessoas que estão ali ficaram sem casa e sem trabalho. Isto é uma coisa a ser levada em conta.
O que está acontecendo neste momento, em distintos países europeus – e eu suponho que no seu mundo, a América Latina, também, mas conheço mais a situação europeia – é que o povo está dizendo “Basta!”, algo tão claro como nós, pais, dizendo que nossos filhos não terão o mesmo que nós. E tão claro como nós vemos que isto que nós temos é graças à luta que, em seus momentos, lutaram nossos pais e avós com sangue, suor e lágrimas, e conseguiram os direitos que nós, como pais, não podemos dar a nossos filhos.
Galeano – Claro, este é um dos dramas do mundo em nosso tempo, internacionalmente. Dois séculos de lutas operárias que conquistaram direitos muito importantes para as classes trabalhadoras, para os que trabalham, estão sendo descartados, jogados no lixo, por governos que obedecem a uma tecnocracia que se crê eleita pelos deuses para comandar o mundo, esta espécie de governo dos governos. Como este senhor que ultimamente se dedicou a violar camareiras, mas antes violava países e era aplaudido enquanto o fazia e não foi preso por isso. Ele teria que ter sido preso pelas duas coisas, não só pelas camareiras. É esta estrutura de poder que às vezes é invisível e que, no fundo, controla tudo. Então, quando se consegue aglutinar vozes capazes de dizer “Basta!” ou “Não, chega!”, a primeira coisa que se deve fazer é escutar estas vozes, com respeito, sem desqualificá-las de antemão, e saber esperar para ver o que é que a vida quer viver. Estas pessoas não parecem esperar ordens de ninguém, atuam espontaneamente, unindo a razão à emoção. Alguns me perguntam “Como vai acabar isso?” e eu digo “Não sei como vai acabar, talvez nem acabe. E se acabar, aí veremos”. É como o amor que é infinito enquanto dura.
Sabe... O senhor, Eduardo Galeano, com José Luis Sampedro e Arcadi Oliveres, são referentes internacionais de pessoas que, em seu momento, já há bastantes anos, disseram “Basta!”. E Sampedro, muito maior, mas muito jovem, este fim de semana fez uma declaração, não me recordo exatamente, mas era algo assim: “As batalhas, temos que erguê-las e lutá-las. Se ganham, ou se perdem, mas temos que lutá-las. Por que este ato solitário de erguê-las, e de lutá-las, é o que as torna tão valiosas.”
Galeano – Ele é um querido amigo pessoal, e eu o respeito muito. E isto é verdade. Estamos também enfermos de existir. O mundo está preso em um sistema de valores que coloca o sucesso acima de tudo, e, por outro lado, condena o fracasso. Perder é o único pecado que no mundo de hoje não tem redenção. Estamos condenados a ganhar ou ganhar. E, bem, ao longo da história muitas pessoas melhores perderam, e isso não lhes tira nem um pouco a razão. Os dois homens mais justos na história da humanidade, Sócrates e Jesus, morreram condenados pela justiça. Os mais justos foram condenados pela justiça. E não deixam de ser justos.
E nos deixaram a lei.
Galeano – E nos deixaram coisas muito importantes. Em primeiro lugar, amor e coragem.
A santíssima trindade, também chamada de Standard & Poor’s, Moody’s e Fitch, são as agências que qualificam os riscos. Hoje, elas estão fazendo cair as bolsas e o euro, na Europa, porque voltaram a baixar a qualificação da dívida grega. Quem são estas agências? E a quem obedecem?
Galeano – Segundo minha mulher, Helena Villagra, são “As Meninas Superpoderosas”. Eram personagens de um desenho que passava há não muito tempo. Então são estas meninas, que se consideram no direito de classificar e qualificar os países, e dizer se este ou aquele país está indo por um bom caminho, que é sempre o caminho da obediência às ordens ditadas por um sistema que é sempre inimigo do povo. E são dirigidas por tecnocratas que mandam mais que os governos. Ninguém os elegeu, em nenhuma eleição. Que eu saiba, ninguém votou naStandard & Poor’s – que, se não estou equivocado, significa Médios e Pobres.
Mas você conhece os crimes que cometeram estas agências? Eu entendo quando alguém se equivoca porque se equivoca, sem querer. Mas elas estão destruindo países inteiros, estão jogando contra países inteiros, e ninguém diz nada!
Galeano – E os banqueiros de Wall Street, que foram os principais protagonistas desta crise, que provavelmente é a crise mais grave que o mundo já sofreu em muitos séculos de história, talvez a maior fraude já cometida. E nenhum destes banqueiros foi preso. Vão presos os ladrões de galinhas, mas os banqueiros superpoderosos, como as meninas superpoderosas, estes não vão presos nunca. E cometem crimes de desumanidade. Eu vi agora que o Tribunal Penal Internacional quer julgar Kaddafi. Sabemos que não é nenhum santo e que seguramente merece ser julgado, mas muito mais merecem ser julgados estes senhores que arruinaram o planeta.
E que hoje nos cobram mais que ontem.
Galeano – E que foram recompensados. Eu havia até proposto uma campanha, quando via os pobres banqueiros chorando suas misérias, este desastre, e junto com outros companheiros nós articulamos uma campanha que não teve muito êxito: “Adote um banqueiro”. Vê-se que o mundo tem um mau coração, ninguém o fez.
Eduardo Galeano, como acha que se explica porque nestas reuniões de G20, G8, G1040 – todos dão na mesma –, por que nenhum mandatário, por que nenhum governante, e há alguns das esquerdas, por que nenhum deles se levanta e diz “Basta, acabou! Este mundo não é possível! Eu não vou condenar meus concidadãos à miséria. Não! Basta!” Por que não há nenhum que se levanta, por quê?
Galeano – Há alguns que se levantaram.
Untitled from Rebelión on Vimeo.
No G20?!
Galeano – Não, não, fora do G20. No “G-7 bilhões”, que é esse que abarca a humanidade inteira. Uns tantos se levantaram e disseram “Basta!” e por isso foram condenados ao inferno, claro. Por exemplo, me recordo quando o presidente do Equador, Correa, anunciou que não iria pagar a dívida, que não era legítima. Ou seja, que havia nascido de uma armadilha, de uma fraude, de uma violência. E o mundo se doeu: “Mas como? O Equador vai acabar, esse país vai naufragar. Como é que alguém se atreve?”. E não se acabou nada, porque era perfeitamente legítima a decisão de não pagar as dívidas ilegítimas, que são as que estrangulam a maior parte dos países, sobretudo os países mais pobres.
Então, você vê, o problema é que não falta quem o diga, mas sim, digamos, que... Há um sistema que absolve ou condena segundo a boa ou má conduta dos diferentes governos. Mas às vezes as lições de vida, as lições de dignidade que o mundo necessita são dadas pelos menores. Por exemplo, a Islândia. A Islândia é um país minúsculo, perdido aí nos mares do norte do mundo, habitado por pouca gente – não sei, cerca de 150 mil pessoas, algo assim –, e foi o que mais claramente disse “Não”, nestas circunstâncias muito difíceis, ao Fundo Monetários Internacional e à ditadura financeira do mundo, em dois plebiscitos. Porque o FMI e a UE já haviam dado a ordem à Islândia de que a população, ou seja, os islandeses, teriam que pagar a bancarrota de três bancos de lá, dois bancos muito importantes e outro não tanto, que tinham recebido depósitos de outros países e não podiam pagá-los, e, portanto, a população deveria pagar 12 mil euros per capita. Ou seja, cada cidadão deveria pagar 12 mil euros pela bancarrota dos bancos! Eu não digo que todos os banqueiros sejam delinquentes, mas há banqueiros que são os assaltantes de bancos mais perigosos que há. Eles não carregam nenhuma arma, nem avisam que estão entrando, porque, afinal de contas, estão entrando em suas “casas”. Mas estes são os mais perigosos. E a população da Islândia foi capaz de dizer “Não! Não aceitamos”, e então se fez um plebiscito.
Mas, como para o FMI e para a UE não pareceu ser suficiente, fizeram outro. E ganharam os dois. A Islândia se negou a aceitar como destino a obediência. E afinal, defenderam dignidade humana. Porque este movimento não é o movimento tão lindo, que me encanta ver. Este se chama Movimento dos Indignados, e eles não se equivocam com este nome, porque afinal o mundo está dividido entre os indignos e os indignados.
A Islândia disse “Não!” aos mercados. Nós, jornalistas, dizemos “os mercados”. Quem são?
Galeano – Sim, os mercados... É um termo que se usa. Na infância, era uma palavra lindíssima que dava nome ao local de encontro dos vizinhos do bairro. Com todas as suas cores, das verduras, das frutas, as vozes dos vendedores que vinham até os bairros para vender suas coisas. E era uma palavra muito linda. Mas depois se converteu no nome de um deus invisível e muito cruel, que é este que rege nossos destinos. Então, sempre se diz: “Não, isso não. Vai irritar o mercado!”, porque ele tem humor, este deus. E o mercado manda, mas ninguém sabe muito bem quem é ou do que se trata. É como quando se fala em “comunidade internacional”. “A comunidade Internacional não deveria permitir isto”, a comunidade internacional é um clube de banqueiros e generais, senhores da guerra e senhores do dinheiro que decidem quem é democrata e quem não é, e decidem quem merece o sucesso, e quem merece a desgraça. E, no entanto, ainda há gente que acredita que outro mundo é possível.
Ontem ocorreram na Espanha, como se sabe, eleições locais e regionais e o eleitorado espanhol resolveu, por assim dizer, castigar muito duramente o Partido Socialista Obrero Español (PSOE). Que você acha disso?
Galeano – De fora, não sou ninguém para ditar à Espanha, ou às Espanhas contidas na Espanha, normas de boa ou má conduta, até porque justamente agora eu estava falando contra os sistemas autoritários de poder. E também creio que são autoritários alguns intelectuais que vão dar lições às pessoas nos lugares onde estão visitando. Eu vivi na Catalunha bastantes anos, dez anos, não me considero estrangeiro aqui, mas deve se ter muito cuidado ao julgar ou emitir opiniões a respeito de acontecimentos tão complexos como é uma eleição, nada menos.
Em princípio, me pareceu muito crível uma manchete do Diário Público de hoje, que vi, que dizia que o PSOE havia sido castigado por praticar uma política de direita. Provavelmente algo disso deve ter havido, porque o governo talvez não tivesse mais remédio. Não sei precisamente. Mas sei que sim, a Espanha concordou em fazer coisas que não coincidiam muito com o programa de governo do Partido que segue, contudo, governando a Espanha.
Eu antes fiz uma pergunta dizendo que, para um governante, pode ser cruel, especialmente se o governante luta pra conseguir mais igualdade. Eu disse que nenhum governante se levantava em nenhuma reunião internacional para dizer “Basta!”. Então volto a perguntar: podem fazê-lo? Me refiro ao G20.
Galeano – Eu repito: se o G20 não é capaz de tolerar, admitir e promover a diversidade no mundo, ou seja, se não é capaz de praticar a democracia – porque a democracia é isso, diversidade, escutar todas as vozes, outras vozes, em pé de igualdade –, bem, então é necessário substituir o G20 pelo “G-7 bilhões”, que é esse de toda a humanidade.
E isto como se dará?
Galeano – Não há receita para isso. Eu não conheço, pelo menos. E desconfiaria muito de alguém que quisesse me vender esta receita. São processos muito complexos, muito complicados, e, além disso, a História é uma senhora de ações lentas e andar suave. As coisas não mudam em uma semana ou um mês. É legítima a necessidade humana de que as coisas mudem enquanto estou vivo, claro, eu quero ver estas mudanças. Esta é uma paixão humana completamente compreensível e partilhável. Mas, não condiz com a realidade. A realidade tem seus tempos e o mundo tampouco caminha em linha reta.
A História é lenta, estou de acordo. Mas imagine você estas dezenas de milhares de pessoas que saíram às ruas, que estão ocupando agora mesmo a Plaza Catalunya, aqui em Barcelona, além de outras cidades da Espanha. Quando isto terminar, pois decidiram terminar daqui a algumas semanas, o que vai acontecer? Estes governantes e políticos democrática e legitimamente eleitos vão levar em conta o que foi feito nas praças, o que foi dito nas praças ou não dará em nada?
Galeano – Nada dá em nada quando, digamos, se transmite energia. A energia fica, de alguma maneira. Às vezes se transforma em outra coisa, se arranja de outras maneiras. Mas é muito importante o que está ocorrendo nestas concentrações, que são sobretudo juvenis, mas não somente juvenis. Pois, em última instância, são os invisíveis se fazendo visíveis, e os que pareciam mudos fazendo-se escutar. E estão dizendo aquilo que têm que dizer. E neste mundo em que todos falam sem dizer, eles dizem dizendo. E dizem coisas que vale a pena escutar. E eu acredito que estas vozes vão seguir ressoando. Mas, contudo, não quero ser um otimista profissional porque eu sou otimista de acordo com a hora do dia, às vezes sou muito pessimista. E a esperança é uma coisa que por vezes me cai do bolso, e tenho que buscá-la, descobrir onde ela está, recolher alguns pedacinhos, muitas vezes. Não sou um otimista full time, e, além disto, não acredito em quem é. Em muitos momentos tenho esperança, mas, quando não tenho agarro meus cabelos e rezo pra uma nave espacial me levar pra outro planeta.
Por que você acha que neste último domingo, no Uruguai, se disse “Não” À suspensão da lei de anistia?
Galeano – Sim, este também é um processo complicado de explicar assim. Mas, sim, se perdeu por um voto, uma coisa lamentável. Deve-se acabar com uma lei infame, que é uma lei de impunidade. Eu fui membro das duas comissões que organizaram os dois plebiscitos, e os perdemos. Por muito pouco, mas perdemos. E seguiríamos perdendo, um milhão de vezes. Porque eu não creio que valha a pena viver para ganhar, vale a pena viver para fazer o que tua consciência te diz para fazer. E não o que te convém. E isto vale para tudo, para a política, para a vida, para o amor, futebol. O futebol parece estar agora condenado a jogar pelo dever de ganhar, e não pelo prazer de jogar. Por isso estou muito contente de estar aqui em Barcelona para receber um prêmio de um clube que recuperou o prazer de jogar com beleza e limpamente.
Claro, você vai receber amanhã o Prêmio Manuel VázquezMontalbán de Jornalismo Esportivo.
Galeano – Sim, e é uma sorte para mim. Sou muito fã de futebol, muitíssimo fã de futebol. E creio que o futebol é um espelho do mundo, que a vida se reflete ali. O melhor e o pior da condição humana estão no campo.
Você é muito fã de futebol, como disse, então suponho que verá este time prodigioso que está fascinando o mundo inteiro, como o Barça, certo?
Galeano – Sim, sim. Eu adoro o Barça, e, além disso, gosto muito de ver o Messi jogando. Vou contar algo que me veio à cabeça agora e que tem relação com isto... Eu estava no México e em uma das intervenções públicas que estive, me permiti sugerir aos meus amigos mexicanos que tivessem cuidado com seu poderoso vizinho do norte que tem o péssimo costume de “salvar” os demais países. E lhes contei que quando vou aos Estados Unidos e faço leituras de meus livros, ou vou às universidades, coisas assim, sempre começo por suplicar para que, por favor, não me “salvem”. Eu não quero ser salvo, e este poderoso vizinho do México “salvou” o Iraque convertendo-o num manicômio, está “salvando” o Afeganistão convertendo-o em um vasto cemitério. Então eu dizia aos mexicanos “Vamos desconfiar dos messianismos, dos messiânicos. O único messianismo que não é perigoso é o que se chama Lionel Messi.”
O que é Messi?
Galeano – É a alegria de jogar. Ele joga como se fosse uma criança na várzea, em um campinho, com essa mesma alegria. Espero que não a perca nunca. Ele é excepcional. Por jogar como profissional, tem que cuidar das pernas de outra maneira, mas ele joga esquecendo de que é o número 1. Ou seja, Lionel Messi não acredita ser Lionel Messi, por sorte.
Guardiola?
Galeano – Merece tudo isto, e repito desde que ele era um grande jogador. Não podemos esquecer de que ele foi um grande jogador antes de ser um grande técnico capaz de organizar uma equipe solidária. Um por todos, todos por um, mas onde todos podem jogar e desfrutar. A verdade é que não digo estas coisas para ficar bem com o lugar onde estou, são coisas que acredito profundamente. Não tenho o costume de elogiar quando me convém.
Você sabe que nestas últimas semanas duas equipes antagônicas, Madri e Barça, se enfrentaram quatro vezes, creio. Você enxerga um estilo diferente no Galeanoeal Madrid, você que é tão fascinado por futebol?
Galeano – Sim. Com Mourinho, sim. Mas o Real Madrid pode muito mais do que tem feito nas mãos deste senhor, que além de tudo é muito antipático, porque é muito arrogante. O médico me proibiu contato com os arrogantes.
O médico proibiu? E há muitos deles?
Galeano – Sim, há muitos deles, e eu não sei lidar!
Eduardo Galeano, outra das frases, ou mensagens, das concentrações nas praças da Catalunha e da Espanha é esta: “Se não nos deixam sonhar, não vos deixaremos dormir!”. E eu vou te pedir agora, espero que aceite, que nos faça sonhar com a leitura de algum de seus fragmentos.
Galeano - Sim. Vou ler algumas palavrinhas que tem a ver com o direito de sonhar, com o direito ao delírio, a partir de algo que me ocorreu em Cartagena das Índias, há algum tempo, quando eu estava na universidade fazendo uma espécie de palestra com um grande amigo, diretor de cinema argentino, Fernando Birri. E então os meninos, os estudantes, faziam perguntas – às vezes a mim, às vezes a ele. E fizeram a ele a mais difícil de todas: um estudante se levantou e perguntou “Para que serve a utopia?”. Eu o olhei com dó, pensando “Uau, o que se diz numa hora dessas?”, e ele respondeu estupendamente, da melhor maneira. Ele disse que a utopia está no horizonte, e disse “Eu sei muito bem que nunca a alcançarei, que seu eu caminhar dez passos, ela ficará dez passos mais longe. Quanto mais eu buscar, menos a encontrarei, porque ela vai se afastando à medida que eu me aproximo”. Boa pergunta, não? Para que serve a utopia? Pois a utopia serve para isso: caminhar.
Já sei que você não vai gostar do que eu vou te perguntar a seguir, mas devo perguntar. Vamos falar um pouco de você. Você tocou em quase todas as teclas: narrativas, crônicas, jornalismo, desenhista.
Galeano – Sim, é verdade. E é verdade também que aquilo que escrevo é inclassificável e isso me dá muita alegria. Porque um dos vícios deste mundo, mundo nosso que nos cabe viver, tem um costume perverso, uma espécie de mania, de colocar uma etiqueta na testa de cada pessoa, talvez para poder manipular melhor a condição humana que, por si, tende à liberdade. Classificar-nos seria uma maneira de nos tornar prisioneiros, então o mesmo acontece com os gêneros literários. E aí é que me encanta não ser classificado, quando dizem “O que é isso que estou lendo? É ensaio, poesia, crônica, é ficção, não-ficção, de que se trata?”, e eu respondo que não tenho a menor ideia e não quero saber do que é isso que faço. Porque eu sigo o conselho que um senhor me deu, estando eu perdido pelas ruas de Cádiz, há um tempo, me perco sempre porque sou muito disperso e não tenho senso de orientação, ou tenho um grande senso de desorientação, pois me perco continuamente. E estava perdido em Cádiz e eu perguntei pelo Mercado Viejo a um senhor que estava contra a parede, apoiado, e sem desencostar ele me disse: “Nada, faça o que a rua te disser!”. E eu faço aquilo que a rua me diz. Na literatura e na vida também.
Transcrição e tradução de Cainã Vidor.