quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Entrevista com Luiz Melodia


No dia 20 de Outubro de 2010 o Coletivo Pé-de-cabra, representados por Camila Alves e Wellder Xavier, conversa por telefone com o artista cantor e compositor, Luis Melodia onde nos cedeu uma entrevista. Num bate-papo informal a conversa caminhou sobre o cenário da música independente, sua participação e reconhecimento nela, sobre a nova geração de artistas no mercado, a novidade de seu trabalho como ator no filme Quase dois irmão (2005), dentre outros assuntos. Luís Melodia fará nesse dia 23 de Outubro uma apresentação no Centro Cultural Usiminas. O seu trabalho, Estação Melodia, faz referência aos grandes compositores e cantores das décadas de 30, 40 e 50. Dentre eles a homenagem cabe ao seu pai Oswaldo Melodia.

Pé-de-Cabra APRESENTA ENTREVISTA LUÍS MELODIA

Você tem acompanhado as mudanças da lei de direitos autorais?
Não tenho acompanhado. Na verdade quem tem acompanhado é minha mulher, que é minha empresária. Como agente sempre faz uma reunião de trabalho uma vez no final do mês ela me passa essas informações depois.

Como você vê essa nova geração de artistas?
Tem artistas demais, agora pouco talento que possa me convencer. Gente que possa ter um futuro promissor. Como nos anos anteriores, anos em que eu participei, que eu vivi. Porque agora é muita gente e pouca qualidade.

Como você lida com esse novo acesso a música através do download? Sendo assim um novo jeito de consumir a música.
Eu confesso que não tenho muita habilidade. Estou ainda aprendendo. As vezes meus filhos me dão uma mão. Ainda estou aprendendo algumas coisas, mas acho que é fundamental e espero dentro em breve estar mais próximo. Porque não tem jeito, a tecnologia na frente e se você não acompanha acaba se perdendo no meio do caminho.

A família Melodia segue no ramo artístico primeiramente com seu pai sendo cantor e compositor, Oswaldo Melodia, assim como você e agora seu filho Mahal. Como você acompanha e vê seu filho seguindo esses passos?
Eu participo da melhor maneira possível na carreira do Mahal. De vez em quando ele me chama e me pede auxílio. Fora isso, é ele quem coloca suas opiniões diante do trabalho dele. E é lógico que é uma continuidade bacana, até mesmo porque meu pai me passou bons fluidos. Até mesmo porque era um
compositor interessante, já gravei muitas coisas dele. E depois ele deixou um quantidade de influencia até mesmo no cantar, no compor e no interpretar. Então, eu acredito que meu filho vai seguir um caminho bem promissor.

Nesse último disco tem referência dos anos 30, 40 e 50. Com composições de Cartola, Jamelão, dentre outros e inclusive seu pai. Como eram as rodas de samba e como elas são hoje, em sua vida?
As rodas de samba quando eu era garoto frequentei bem. Até mesmo porque sou cria de favela, no Morro de São Carlos. Sendo que isso era natural na minha vida. Todos os sábados e domingos, onde tinha no bairro e nas escolas, já na minha idade de 14 a 15 anos, já ia porque já gostava de freqüentar. E logicamente isso veio a ser fundamental na minha vida artística. Depois de algum tempo eu vim a gravar em 2007 o disco que na verdade tinha os grandes compositores que eu via na minha época de garoto e que eu via meu pai cantarolar. Ai vim registrar nesse disco o qual achei o resultado bem bacana. E fiquei bem feliz com o resultado, pois tinha compositores de grande nível da nossa música como Cartola, (...), Jamelão e foram alguns que eu gravei. E fiquei muito satisfeito.

A margem da mídia rotulou alguns artistas como Itamar Assumpção e Jardes Macalé, rotulando-os como os malditos. Como você vê isso hoje e qual a relação que você tem com esses artistas?
São artistas de primeira qualidade, e são (...) e em relação a mídia não tem muita eira e nem beira com a mídia. E talvez por isso o rótulo. Aquele que agente não aceitar, por exemplo, eu nos trabalhos do início da minha carreira que tive esse rótulo e não aceitei. Aquilo não mudou nada na minha vida. Não mudou nada esse rótulo, simplesmente só me motivou e fez que eu me destacasse como um cara assistencial dentro da música. Onde estou presente com ela ou sem ela (a mídia). Então não fez muita diferença.

Como foi gravar como Numismata uma música? Sendo uma banda do cenário da música independente. E como você vê esse cenário hoje?
Quando tem uma qualidade que eu goste e que me convide, tanto faz, sendo independente ou não. Acho que vale é o trabalho a força de vontade daquela pessoa, que esteja dentro da música e seja sincero com o que esteja fazendo. E só dou força, se me convidarem para um trabalho bacana que eu admire o trabalho dessa pessoa, eu faço. Se me convidarem eu estou aí numa boa.

Você ganhou o prêmio de melhor cantos no sexto Prêmio Rival Petrobrás de Música. Como você vê esse reconhecimento?
Sempre bom quando você é reconhecido pelo seu trabalho e pela sua obra que anda fazendo é sempre satisfatório. Então, fiquei muito feliz. E caso aconteça outros prêmios vou aceitar da melhor forma possível e agradeço pelo carinho e pela admiração pelo meu trabalho.

Você participou do filme “Quase dois irmãos”, de Lúcia Murat, em 2005. Como foi essa experiência como ator e há novos projetos no ramo cinematográfico?
Foi uma experiência boa, até mesmo porque nem esperava. Embora dissessem que eu tinha uma presença de palco que se eu passasse para as telas era bem vindo. Quando a Murat me convidou eu fiquei feliz, depois com outro convite para o filme “Casa de Areia” fiquei alegre. E se me convidarem outras vezes claro que eu vou. Acho que quanto mais atividade cultural você ter, vai ser legal e “vai dar pé”.

Luís Melodia manda uma mensagem para o Coletivo Pé-de-cabra e para todos aqueles que querem seguir o ramo da música ou da arte em geral.
Acho que você tem que ter perseverança se você realmente quer. Não só a música, já que eu sou músico. Mas toda ela (a arte) qualquer que seja, o cinema, a culinária que não deixa de ser uma arte, a dança. Faça com carinho e de coração que os resultados serão bem positivos. E se for positivo você vai ter sucesso na vida. É o conselho que eu dou, assim, para quem está investindo em cultura.

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